
Menino Jesus,
gostava de dizer-te que estou meio triste. Com duas décadas de existência, digo-te que esperava mais das pessoas. Achei, estupidamente, que ainda existiam pessoas diferentes. Faz falta mais amor, mais de espírito de natal, mais bondade e caridade. Faz-nos falta a todos lembrarmo-nos mais de ti.
Gostava sem dúvida de ser uma pessoa melhor, mas confesso que este mundo não ajuda muito.
Por cá fazem-se vivas ao materialismo e às “useless things”, aos alimentos, e esquece-se do que traz saciedade à alma. E eu também os faço. Isso traz egoísmo.
Talvez seja esse o motivo para a incoerência e para a exaustão de pensamentos, de atitudes e de gestos que “ficam bem” e que não genuínos. Perfeitos disfarces de bondade pura.
Gostava que trouxesses bases sólidas aqueles que andam perdidos [é um pedido], muitos sem culpa. Consequência dos seus fados, marcados, desde o nascimento. Traz alimento eterno para as suas bocas, um emprego, sustentabilidade.
Tenho saudades da tempos atrás, e não assim há tantos quanto isso.
De estar iludida com um mundo mais perfeito.
Enfim,
Aparece também por aqui no Natal. Mas vem para ficar.
Peço-te com amor
e com sinceridade,
Lúcia.
[Foi um desafio este, inesperado, dos bons.]